Se você é do tipo que adia o despertador todas as manhãs, saiba que não está sozinho. Um novo estudo sugere que o uso da função "soneca" é um hábito extremamente comum, mas especialistas alertam: ele não só não ajuda a despertar, como pode, na verdade, roubar preciosas horas de sono de qualidade.

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A pesquisa, publicada na revista Scientific Reports, analisou mais de 3 milhões de noites de sono e descobriu que 56% delas terminaram com o acionamento do "soneca" por uma média de 11 minutos.

O hábito de adiar o alarme, embora comum, pode ser um forte indicador de uma má qualidade de sono ou até de distúrbios subjacentes, e mesmo assim tem recebido pouca atenção da ciência, explicou Rebecca Robbins, Ph.D., coautora do estudo e pesquisadora de sono na Harvard Medical School.

"O alarme do 'soneca' interrompe algumas das fases mais importantes do sono", afirmou Robbins, incluindo o sono REM (Rapid Eye Movement), que ocorre nas horas que antecedem o despertar. "Apertar o botão 'soneca' irá interromper esses estágios críticos e, normalmente, só oferecerá um sono leve e fragmentado entre os alarmes."

As estatísticas do "soneca"

Para entender a prevalência e a natureza desse hábito, os pesquisadores analisaram dados de cerca de 21.000 usuários de um aplicativo de monitoramento do sono. A análise revelou que o botão "soneca" foi pressionado, em média, 2,4 vezes a cada manhã, totalizando quase 11 minutos de adiamento. Na prática, isso equivale a cerca de seis horas de sono de baixa qualidade perdidas todos os meses.

Segundo a Dra. Anne Marie Morse, neurologista e especialista em medicina do sono, um dos achados mais interessantes foi que as pessoas que dormiam por mais tempo também usavam mais a função "soneca". Se alguém ainda precisa adiar o alarme depois de uma longa noite de descanso, isso pode sinalizar uma má qualidade do sono ou até mesmo distúrbios como a hipersonia.

O estudo também revelou outros pontos notáveis. Quase metade dos participantes foram considerados usuários "pesados" do "soneca", adiando o alarme em mais de 80% das manhãs, por uma média de 20 minutos diários. O hábito também se mostrou mais comum durante os dias de semana e em pessoas com horários de sono inconsistentes. As mulheres, por sua vez, tenderam a usar a função "soneca" por um tempo ligeiramente maior que os homens, o que é consistente com pesquisas anteriores que mostram que elas enfrentam mais dificuldades relacionadas ao sono.

Você deveria parar de usar o "soneca"?

A principal razão pela qual apertamos o botão "soneca" é a chamada inércia do sono – aquela sensação de lentidão, confusão e moleza que sentimos ao acordar, o que, segundo Robbins, é completamente normal. "Na verdade, não é comum acordar sentindo-se totalmente disposto e alerta", acrescenta ela.

Contudo, adiar o alarme não vai ajudar a se sentir revigorado; pelo contrário, pode até intensificar essa sonolência, afirma Daniella Marchetti, Ph.D., psicóloga clínica especializada em medicina comportamental do sono. "O que se obtém é uma mistura de sono leve com um estado de vigília sonolento, o que pode tornar ainda mais difícil sair da cama", diz ela.

Além disso, cada vez que você é bruscamente acordado pelo alarme, seu corpo libera cortisol e adrenalina para ajudar a despertar. Isso significa que usar o "soneca" várias vezes pode aumentar sua frequência cardíaca e pressão arterial de forma repetida e desnecessária. Para piorar, o tempo entre um alarme e outro não é suficiente para mergulhar de volta nos estágios mais profundos e restauradores do sono, ou seja, não acrescenta qualidade ao seu descanso.

Como acordar sem depender do "soneca"

Felizmente, existem estratégias eficazes para abandonar esse hábito e melhorar a qualidade do seu despertar. Os especialistas recomendam, em primeiro lugar, ajustar o alarme para o horário mais tarde possível em que você precisa se levantar. Eliminar essa "margem de manobra" pode motivá-lo a sair da cama mais rápido para não se atrasar.

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Outra tática poderosa é colocar o despertador longe da cama. Ter que se levantar fisicamente para desligá-lo aumenta o estado de alerta e diminui a tentação de voltar para a cama. Acima de tudo, é crucial melhorar sua higiene do sono de forma geral, o que inclui evitar cafeína e álcool antes de dormir, manter o quarto escuro e fresco, e ter horários consistentes para deitar-se e levantar.

Se, mesmo após adotar essas mudanças, você continuar dormindo através de múltiplos alarmes ou se sentir constantemente cansado durante o dia, o ideal é procurar a orientação de um médico ou especialista em sono.

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